Recentemente me vi diante de uma dessas encruzilhadas da vida. Depois de uma decepção pessoal muito grande, tentei apaziguar os sentimentos, seguir em frente e manter a convivência. Um período que exigiu muita terapia, contenção e respiração. Meses depois, quando a situação estava aparentemente controlada, vieram os gatilhos. E o que mais me incomodou e ainda incomoda é o tempo e a energia que eu gasto pra "voltar".
Há poucos dias tomei finalmente a decisão de sair totalmente da situação em que eu estava. E o que veio foi alívio.
É sempre difícil fazer essas mudanças. Elas exigem muito da gente mentalmente. Já fiz alguns grandes movimentos e nunca foi fácil. A primeira vez foi quando larguei a minha vida - que como a minha mãe disse na época "estava toda certinha"- pra viver o sonho de ter uma experiência de morar fora do país. A despedida foi fácil e cheia de esperança, mas a realidade foi duríssima. Depois de um tempo, tudo se acalmou e encontrei o meu caminho.
Na vida profissional, consegui sair de trabalhos onde me entristeci e perdi a esperança e também de lugares que me sugaram a alma. Mas todas as saídas foram complexas. Exigiram elaboração e recomeços.
Desocupar espaços dá a possibilidade de criação de novas experiências. É isso que quero fazer aqui na newsletter. Ficarei honrada com a sua companhia.
"Submeta-se o quanto quiser, mas não venha colocar a colher no meu angu"”
Essa frase é da psicóloga Vera Iaconelli no artigo em que faz uma análise de mulheres antifeministas. Na semana passada, viralizou um vídeo de uma deputada dizendo que mulheres devem ser submissas aos homens e propondo um dia da família só com eles. Essa reportagem da revista New Yorker, que a Vera cita no artigo, mostra um movimento de mulheres que querem voltar a cuidar da casa e da família, são as "trad wifes". Elas fazem diversos conteúdos em redes sociais e publicam livros pra dizer como é bom ficar em casa e ter o marido como provedor. É de chorar.
Uma reflexão sobre o tamanho do preconceito contra pessoas trans
Faz um tempo que acompanho o trabalho da deputada federal e agora candidata à prefeitura de Belo Horizonte, Duda Salabert. Ela é uma mulher trans. Duda contou neste podcast que recebe ameaças desde a primeira candidatura em 2018. Este ano, criminosos criaram um site com fotos da filha dela de 4 anos dizendo que iriam violentá-la sexualmente. Um dos bandidos foi preso depois de uma investigação. Há 15 anos o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo.
O trabalho (quase) sempre vence
Vou dizer aqui aquela frase super clichê: não desista dos seus sonhos. Um projeto de documentário meu e da minha parceira Nádia Pontes foi selecionado - entre propostas de todo o Brasil - para participar de um pitching do Rio 2C. O Rio 2C é um evento que reúne canais de TV e streamings que estão de olho em novas produções. O documentário foi escolhido com outros 5 projetos!
O que tenho visto por aí
Este livro da escritora, filósofa e ativista Angela Davis traz uma análise muito rica sobre como as mulheres negras são vistas na sociedade estadunidense. Ela faz uma conexão entre como essas mulheres eram retratadas na escravidão e como isso se reflete hoje em dia.
Eu nunca tinha lido este clássico da Isabel Allende. É simplesmente maravilhoso. E me impressionou a semelhança das articulações dos militares golpistas do livro que ela escreveu em 82, com os golpistas de agora.
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Até semana que vem!
Amei, amiga! Te desejo muito sucesso!!!
Vou adorar acompanhar sua escrita por aqui! Voa!!!