O título já diz. Não consigo dizer o que são.
Mas de vez em quando tenho uns medos escabrosos que tomam conta dos meus pensamentos e me deixam apavorada. São medos que racionalmente não têm sentido. Mas eles não estão nem aí. Só vêm.
Quando batem na porta de madrugada, acordo afobada. O corpo todo duro. Puro stress. E aí gasto um tempão tentando fazer uma logística pra resolver o medo. Penso em duas, três alternativas para o problema, pra ver se acaba. Geralmente eles são sobre assuntos incontroláveis, então é difícil parar. Quando nada alivia e eu não consigo voltar a dormir, fico conversando comigo mesma, tentando me acalmar, racionalizando.
Tem medos que ficam me perseguindo por dias. Qualquer coisa é gatilho e volta tudo correndo, com intensidade. De novo, procuro a calma. Uma caminhada, uma respirada, ficar mais perto da natureza.
Contar o medo também não tem sido fácil. Tenho a sensação de que a partir do momento que eu falo sobre ele começo a fazer toda aquela racionalização da hora do pesadelo. E isso consome uma energia danada.
Não é sempre que eles vêm me assombrar. Mas quando aparecem, são que nem visita chata, demoram pra ir embora.
Os momentos mágicos da vida
Foi assim a estreia do “Apesar de,”. Linda, mágica, especial. Todo mundo numa vibração muito boa. Sala cheia (como eu estava sonhando), família, amigos, apoiadores, patrocinadores, quase todo mundo que trabalhou no doc e outras pessoas que vieram assistir e estavam entrando em contato com a história pela primeira vez.
Chorei com as palmas no final do filme. Eu estava bem no fundo da sala só olhando a reação da plateia.
Depois da exibição, teve uma conversa sobre como foi a nossa produção. Foi emocionante estar ali contando como a gente trabalhou cada detalhe do filme. Foi emocionante ver que estávamos ali inteiras, firmes e fortes para celebrar. Era a nossa conquista em botar o documentário no ar e a da Georgia Bergamim em ter finalmente a sua história reconhecida. Uma reparação.
O filme está disponível em vários streamings. Tem essa lista aqui. Me escreva para dizer o que você achou e nos ajude a divulgar com o @doc.apesarde. Quanto mais gente entrar em contato com este tema, menos meninas vão passar pelo que a Georgia passou!
O que tenho visto por aí…
Muito linda essa reportagem do NYT sobre os 50 anos do Saturday Live Show que é um programa icônico nos Estados Unidos.
Estou até agora processando este filme. Ele já está no streaming. O final parece um filme B de terror.Mas antes de chegar lá tem muitas questões importantes de serem pensadas. Essa busca incansável pela beleza, pela perfeição, pelo não-envelhecimento. A sociedade onde só o que é novo é bom. Eu estou impactada. E às vezes vêm umas imagens da Demi Moore me assombrar.
E pra não ficar só no internacional:
Este livro é tocante. A história de mãe e filha, duas mulheres negras, que trabalham como empregadas domésticas num condomínio de luxo. A escritora Eliana Alves Cruz traz para a trama um crime que tem como referência o que aconteceu com o menino Miguel de 5 anos num prédio de luxo do Recife.
Livro encantador da Socorro Acioli. Que história! Vale demais e é uma leitura leve!
Volto na semana que vem!